quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Direita X Esquerda

http://antonioprata.folha.blog.uol.com.br/arch2011-02-20_2011-02-26.html#2011_02-22_17_10_31-159487429-0

Sugiro que leiam o texto "Direita x Esquerda" (link acima). O texto constrói uma boa caricatura acerca deste debate interminável. Confesso que trata-se de um dos pontos que mais me desgasta, pois o entendimento geral gravita em torno do seguinte raciocínio: Direita = Conservadorismo, individualismo, manutenção de interesses, contra o progresso social, Hitler, Franco, Bush (pai e filho) são os exemplos geralmente citados; Esquerda = Progresso, coletivismo, mudança social, distribuição de renda, Marx, Che Guevara, Trotsky, são os principais ideólogos, com uma legião de gente "bacana" os seguindo, principalmente escritores, atores, diretores e professores..
Alguém já refletiu sobre quão maniqueista é essa divisão? É conservador pensar no impacto das decisões individuais sobre a sociedade? Por que? Esses impactos são sempre negativos? Será mesmo?
Em economia há uma confusão dos diabos, pois há a clássica divisão entre Ortodoxos, aqueles que se valem de pressupostos e metodologia padronizada (por quem? de que maneira?) e Heterodoxos que estão no pólo oposto. A aproximação realizada é a seguinte: Economistas Ortodoxos são de direita, Economistas Heterodoxos são de esquerda. 
Vamos a refutação: Hayek é de direita, mas pode ser perfeitamente associado à heterodoxia, pois foi um dos principais críticos da aplicação de equilíbrio geral; Oskar Lange era de esquerda, todavia acreditava que o principio de equilíbrio geral teria uma bela aplicação em economias planificadas!
Ao invés de pegarmos uma receita de bolo pronta, pq não pensamos sobre um critério de distinção menos maniqueista? Penso não haver interesse dos dois lados, para a ortodoxia trata-se de um problema irrelevante, já que eles se preocupam com pesquisas que gerem resultados "práticos", enquanto para a maior parte da heterodoxia, o critério é ótimo. Na minha opinião (que não vale R$ 0,50) temos ai um bom campo para reflexão e pesquisa em ciências humanas! 
Ou será que estou delirando? 
PS: Um exercício interessante é olhar a tábua de classificação de assuntos da economia, a qual é estabelecida pelo Journal of Economics Literature, nela pesquisa sobre economia marxista e escola austríaca estão do mesmo lado...
PS2: Para quem se interessar, vale pesquisar algumas publicações dos professores Geoffrey Hodgson e David Dequech Filho. Eles se debruçam sobre essa dicotomia.

2 comentários:

  1. É Fábio... Realmente o debate é interminável e extremamente maniqueísta. Mesmo porque, o que me parece é que as concepções se tornam, a partir de um certo momento, ideologias, posto que o tempo cronológico passa mais rápido do que nossa capacidade de situar historicamente as formas do pensamento.
    O perigo reside também, no fato de que qualquer forma de pensamento tende a se cientifizar e ganha valor de verdade muito mais pela coerência do projeto do que por sua aplicabilidade. Nestes dois quesitos,fecham-se os olhos para as causalidades postas, nos dizeres de Lukács. Isto é, esquecem-se dos acasos. Muitas vezes, os dois lado estão, de fato, apontando para problemas iguais e nesse vai-e-vém de embates, o que fica marcado mesmo é que, principalmente no Brasil, esquerda e direita são farinhas do mesmo saco. É o resquício de um marxismo ortodoxo - isto é, marxistas de marxistas - e de um liberalismo falho, pois antiquado.
    Por isso, percebe-se a relevância da Filosofia e da História. Mas deixamos que nos aprofundássemos muito no labirinto da ignorância até que voltassemos a perceber hoje essa importância. Questão que será solucionada somente com o passar do tempo.

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  2. É isso ai Gustavo! As ideologias têm impedido um real avanço do conhecimento, posto que dificultam a comunicação e articulação entre os diferentes campos do conhecimento humano, sobretudo na compreensão dos mecanismos de causais e do papel do imprevisível nos fenômenos econômicos...

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