quarta-feira, 2 de março de 2011

Martelo do Thor: Custo x Benefício, Maximização e Incentivos.

A ortodoxia econômica acredita ser possível entender fenômenos econômicos a partir da escala individual. Neste sentido, as características que norteiam as decisões individuais são fundamentais, por isso, se atribui racionalidade ao agentes. Dois mecanismos regem esta razão: a análise custo x benefício, busca pelo máximo grau de utilidade em suas decisões. Esse é o corpo da teoria ortodoxa da decisão, trata-se da principal ferramenta para explicar o que acontece na economia, e muitas vezes fora dela também... Por tratar-se de uma ferramenta "poderosa" cunhei um nome igualmente poderoso = Martelo de Thor!Nos últimos 20 anos (aproximadamente) esse poderoso instrumento ganhou um novo formato com a teoria dos incentivos.
Os seres humanos são movidos a incentivos, suas ações geram diferentes resultados, aos quais estão associados diferentes  incentivos, os quais podem ser financeiros, culturais, sentimentais, etc. Mas definitivamente o que move o ser humano são os incentivos associado ao resultado de suas ações! Quanto maior forem os incentivos associados ao resultado uma ação, maior será a probabilidade de que essa seja a decisão de um agente econômico, alias não só ele mas também uma parcela da população tomará essa decisão. Por exemplo, se uma empresa adotar um programa de bonificação (incentivo) baseado na produtividade, haverá um incentivo para que os funcionários se tornem mais produtivos, no longo-prazo a busca por maior produtividade torna-se uma "característica cultural" daquela empresa.
Muito bem, a lógica é perfeita para situações que envolvem "incentivos" financeiros, porém quando não existem incentivos financeiros os fatores motivacionais são mais nebulosos, como emoções, desejos inconscientes, possibilidade real de altruísmo. Estender essa teoria para todas decisões é um procedimento controverso e inadequado, pois pressupõe, por exemplo, que toda ação benemérita é motivada por uma recompensa, como fugir do inferno, ficar bem na fita, obter vantagem fiscal, etc. Pensemos... Será mesmo? 
No entanto, os problemas não param por ai. Sim, fica pior, pois uma série de economistas querem explicar o surgimento de instituições através dos incentivos de ações individuais. Nesse tipo de análise deixa de se considerar: a importância das condições históricas para o surgimento de instituições; o papel do acaso; as instituições que surgem como decorrência de planejamento central, e por ai vai...
Me parece que há muita pressa para gerar explicações, além disso, estão adaptando o objeto de estudo as ferramentas disponíveis, isto é, estão usando o Martelo do Thor para cortar carne... 
Pensemos nas conseqüências...
Pesquisas sobre a metodologia da economia são irrelevantes?
*PS: Exemplo de "Aventuras do Poderoso Thor" podem ser encontradas nos livros Freakonomics e Super-Freakonomics.

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